Wednesday, August 16, 2006

Part-time: Disco-Jockey

O Prazer em dar Música


Para muitos é uma arte. Para outros não passa de simples técnica, de um disco atrás do outro. Falamos da actividade de Disco-Jockey. Muitos fazem dela actividade profissional. Outros, mero passatempo. Gonçalo Alvoeiro, 29 anos, inclui-se neste grupo. Ao seu emprego como funcionário público junta-lhe outro projecto: a Arquitectura. Mas a música, essa, acompanhá-lo-á para sempre. Porque se começou a misturá-la por brincadeira, em bares e para os amigos, passados seis anos continua a ser igual. A mesma brincadeira.

Recuamos no tempo até ao Outono de 1999. Terá sido por esta altura a sua "primeira aparição". Gonçalo Alvoeiro recorda os primeiros discos e o nervoso da primeira actuação. “Em casa, já há algum tempo que tinha os pratos (gira-discos) e vários discos que tocava até à exaustão!”. Mas a primeira vez, é sempre a primeira vez. Aconteceu num bar do bairro Alto. “Estava, claro, um pouco nervoso… mas hoje em dia, quando «toco» em certos sítios, ainda me lembro, e sinto, um bocadinho do porquê desse nervoso”. Porque se em casa, sem pressão, tudo corre bem, cá fora existe sempre aquele receio, o desejo de não falhar.

Ao longo destes anos foi fazendo várias amizades no meio da vida nocturna. E foram estes conhecimentos que o levaram a actuar em diversos locais de diversão. Desde de pequenos bares a grandes discotecas. Para 20, 30 pessoas, como para 500, outras vezes mais. Trabalhou sempre por conta própria. Ou seja, nunca foi representado por nenhuma agência, nem nunca teve um empresário que lhe proporcionasse datas ou locais para actuar. Aqui reside a grande diferença. Porque “nunca quis fazer disto uma actividade profissional, encarei-a sempre como um hobbie”, conta Gonçalo. Para quem os rendimentos conseguidos sempre que actua se limitam a suportar as despesas na compra dos discos.

“Uma grande despesa”

Hoje em dia, principalmente devido à internet, é enorme a facilidade em conseguir obter música. Com um simples download, ao fim de uns minutos a música ali está. Uma atrás da outra, qualquer pessoa as pode ter à mão. Nos dias que correm, com pouco mais de 600 euros, pode-se ter em casa dois leitores de CD e respectiva mesa de mistura. Gonçalo conta-nos que devido a estes pormenores, “qualquer um pode ser dj”. No entanto, conta-nos, “ alguns têm-se dado mal com isso”. A SPA - Sociedade Portuguesa de Autores, “tem andado a apertar devido à pirataria, muitos são apanhados em flagrante, a «tocar», e obrigados a pagar multas, que chegam aos milhares de euros”. Gonçalo conseguiu e faz questão em conseguir resistir a estas facilidades. “Para mim, passar música tem de ser sempre com discos de vinil, serei sempre fiel à tradição”. Uma tradição que o levou a reunir, até agora, perto de 750 discos de vinil, a sua “grande colecção”. Sabendo que cada um nunca lhe custou menos de cinco euros, e que a maioria se cifrou à volta dos dez, “faça-lhe as contas, foi sem dúvida uma grande despesa”.


A actividade profissional como funcionário público ocupa-lhe as manhãs, das oito às 14 horas. Retemperado, a vontade e o ânimo levam-no à Faculdade por volta das 19 horas. O curso de Arquitectura que deixara a meio, “ganhou” novamente força. “Obriga-me a um grande esforço, mas o que pretendo é terminar”. Por isso, mais importante do que ir actuar a algum lado, “este mês o que quero é fazer as frequências, e que elas me corram bem!”. Gonçalo recorda que já não sai à noite “como antigamente”. O interesse e o desejo por ir «tocar» também já são o mesmo que foram outrora. O que não significa que não tenha muito prazer sempre que veste a pele de Dj. Mas ao olhar para trás, ao recordar pessoas que conheceu e locais onde actuou, confessa: “Se desde o início tivesse encarado isto como um futuro para mim, se calhar hoje em dia até via o meu nome aí na praça…!”.
20. 02. 06

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